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terça-feira, 23 de abril de 2013

Another brick in the wall--Pink Floyd








Este trabalho propõe uma análise pragmática e à luz do conceito de gramaticalidade da música
Another Brick in the Wall, composta por Roger Walters, lançada nos anos 80 pelo grupo inglês Pink Floyd, e problematizar a questão da dupla negação a partir do contexto sociocultural no qual a música foi lançada.

A música se tornou polêmica no início da década de 80 e ainda nos dias de hoje provoca diversas reações por criticar uma educação que não visa transformar o aluno em um cidadão pensante e questionador, mas sim em apenas mais um na sociedade. Essas questões em torno da música despertaram o interesse em se fazer uma análise de cunho sociolinguístico.

Como ponto de partida para a análise, utilizaremos o conceito de gramaticalidade e a pragmática. Entendemos gramaticalidade como a capacidade natural do falante de produzir sentenças segundo a ordem e regras sintáticas, morfológicas, fonológicas e semânticas da língua. Dado nosso corpus, elegemos analisar apenas a ocorrência de dupla negação na língua inglesa. Combinando "gramaticalidade" com uma análise do contexto no qual a música se insere, examinaremos a dupla negação em inglês, levando em conta não apenas o protesto contra a manipulação e alienação dos alunos, como justificativa do que seria um erro gramatical proposital por parte de Walters, mas também a origem da dupla negação na língua inglesa, para discutir o que seria gramatical e o que seria violação da norma gramatical como prescrita pela gramática tradicional, Walters se valeu desse jogo para cumprir o propósito comunicativo da música.

Já a pragmática analisa o enunciado do ponto de vista do contexto e como seus participantes se envolvem no proferimento de atos de fala. Assim, ao analisarmos um enunciado, levamos em consideração a capacidade humana de combinar o conhecimento da



gramática com informações contextuais variadas, vindas do conhecimento de mundo dos falantes de uma determinada língua. É esta capacidade que nos permite adaptar nosso comportamento linguístico a nossos objetivos e interesses e utilizar a etiqueta linguística: saber quando e como usar uma determinada forma com adequação e propriedade.

Ao analisarmos a música sob uma visão pragmática, ou seja, sob um ângulo onde a música se relaciona diretamente com o mundo, podemos observar que ela vai além da própria linguagem: ela constrói sentidos outros que só encontramos na análise do contexto. Significar e querer dizer são, portanto duas noções diferentes. Essa inferência, ou seja, essa leitura do "não dito" é compreendida por meio de metáforas que nascem de nossas experiências corpóreas com o meio no qual interagimos. 

De acordo com a Teoria dos Atos de Fala, (Austin, 1962), em determinadas sentenças, ao se proferir algo, estamos simultaneamente realizando uma ação. Assim, se faz necessário observar os usos da linguagem em seu contexto, pois sempre haverá ações associadas ao ato da fala. Os atos Locucionários podem ser de três tipos: Locucionário, Ilocucionário e Perlocucionário, estando diretamente integrados entre si. Onde Ato Locucionário é o ato de dizer a fala, Ato Ilocucionário diz respeito à intenção ao produzir a locução e finalmente Ato Perlocucionário, refere-se ao efeito provocado no receptor através do Ato Locucionário, influenciando seus sentimentos e pensamentos.

Voltando para a análise da canção, percebemos a força ilocucionária. A palavra "Educação" normalmente está associada à escola, e ao produzir, por exemplo, o enunciado: "We don’t need no education", o narrador está questionando o papel da escola na educação do indivíduo. Aqui também se incluem os Atos Perlocucionários, pois Roger Walters pretendeu provocar no interlocutor uma reflexão e, principalmente, uma mudança de atitude, ao mostrar que esse não é o tipo de educação desejada.

 












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