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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

trechos de Crime e castigo - Dostoiévski

"'Onde', pensou Raskólhnikov, continuando seu caminho, 'onde é que eu li aquilo sobre um condenado à morte que no momento de morrer dizia ou pensava que se o deixassem viver no alto, numa rocha e num espaço tão reduzido que mal tivesse onde pousar os pés - e se à volta não houvesse mais que o abismo, o mar, trevas eternas, a eterna solidão e a tempestade perene - e tivesse de ficar assim, nesse espaço de um archin, a sua vida toda, mil anos, a eternidade... preferiria viver assim a morrer imediatamente? O que interessa é viver, viver, viver! Viver, seja como for, mas viver! O homem é covarde!', acrescentou passado um minuto." "Acham que eu estou assim porque eles mentem? Tolice! Eu gosto que eles mintam! A mentira é o único privilégio do homem sobre todos os outros animais. Mente, que vais acabar atingindo a verdade! É precisamente por ser homem que eu minto. Nem uma só verdade poderias alcançar se antes não mentisses quatorze vezes, e até cento e quatorze vezes, o que representa uma honra sui generis; simplesmente, nós nem sequer sabemos mentir com inteligência! Tu mentes, mas mentes de uma maneira especial, e eu ainda por cima te dou um abraço. Mentir com graça, de uma maneira pesssoal, é quase melhor que dizer a verdade igual todo mundo; no primeiro caso é um homem e, no segundo, não se é mais que um papagaio! A verdade não anda depressa, mas podemos fazer a vida correr; há exemplos disso."

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